A hérnia da parede abdominal ocorre quando parte de um órgão intra-abdominal (normalmente alças do intestino delgado, ou gorduras) se desloca, devido esforço físico, através de um orifício na parede abdominal (chamado de anel herniário), causando alteração da forma do abdome.
Esse deslocamento somente é possível devido a pontos ou regiões de fraqueza na musculatura da parede abdominal (responsável pela proteção dos órgãos internos do abdome). Esta fraqueza pode ocorrer em consequência de um problema congênito ou pode estar associada a condições que deixam a parede abdominal fragilizada e/ou aumentam excessivamente a pressão intra-abdominal, como cirurgia prévia, gestação, obesidade, idade avançada, entre outros.
As hérnias podem surgir em qualquer idade, mas são mais frequentes nos adultos. O tipo mais comum é a hérnia inguinal. Nas crianças a hérnia mais comum é a hérnia umbilical, que surge por volta dos 6 meses de vida, entretanto ela “fecha” sozinha até os 4-5 anos de idade, na grande maioria das vezes.
O único tratamento considerado efetivo para a correção das hérnias da parede abdominal, é por meio de cirurgia. O procedimento cirúrgico consiste em reposicionar o órgão no seu devido lugar (cavidade abdominal) e realizar o fechamento do defeito (orifício ou anel herniário). Este fechamento pode ser realizado por meio de sutura (pontos cirúrgicos) ou por sutura e a colocação de uma tela para reforçar a região. Atualmente, existe uma tendência de se recomendar a colocação de tela na maioria das cirurgias de hérnia abdominal, pois diminui significativamente o risco de recidiva (retorno da hérnia).
Tela cirúrgica ou implante cirúrgico ou prótese se refere a um material amplamente utilizado para o tratamento das hérnias da parede abdominal. Consiste em um dispositivo usualmente plano que lembra um pedaço de tecido, bem resistente, que será usado para reforçar os tecidos naturais do paciente. São fabricadas com polímeros biocompatíveis desenvolvidos especialmente para este fim. São inabsorvíveis, ou seja, o organismo não a absorve e normalmente são incorporados pelo organismo do paciente, sem comprometimento dos tecidos adjacentes e sem causar reações adversas (na grande maioria das vezes). As telas sofrem continuo desenvolvimento e hoje dispomos de inúmeros tipos com características específicas. Por isso é tão importante que o cirurgião que se dedica ao tratamento das hérnias da parede abdominal esteja sempre atualizado em relação a estes desenvolvimentos tecnológicos.