Entre os pacientes que sofriam de obesidade mórbida no Brasil e passaram pela cirurgia bariátrica há um período de tempo entre cinco e sete anos, 95% disseram estar satisfeitos com a cirurgia bariátrica e 98% fariam a cirurgia bariátrica novamente.
O resultado da cirurgia em pacientes operados neste período foi abordado no Barilive (iniciativa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariatrica e Metabólica que ocorre semanalmente as terças-feiras as 20h pelo Facebook), que teve o tema “como estão os pacientes bariátricos cinco anos após a cirurgia?”.
O mediador do Barilive foi o cirurgião bariátrico Luiz Vicente Berti, que também coordenou um estudo com pacientes que fizeram a cirurgia há cinco anos ou mais. Ao seu lado, debateram os resultados do estudo a a nutricionista e chef funcional Bruna Cutait e a endocrinologista fundadora do Ambulatório Clínico de Obesidade Mórbida do Hospital das Clínicas da FMUSP, Alessandra Rascovski.
Segundo a pesquisa, entre os entrevistados, 65% mulheres e 35% homens, 95% melhoraram a sua autoestima e 88% estão mais vaidosos.
Homens x mulheres – A endocrinologista afirmou que o índice não a surpreende. “As mulheres procuram atendimento mais rápido, não só por estética, mas por saúde também. A medicina preventiva está mais forte, os homens têm ido mais rápido ao consultório mas ainda são minoria”, afirmou.
Ainda de acordo com a endocrinologista, a faixa etária das mulheres também é esperada. “As pacientes, mulheres com mais de 40 anos, normalmente já passaram pela gestação e estão prestes a entrar na menopausa, ainda sem conseguir emagrecer”, afirmou Alessandra.
Auto-estima – A pesquisa também aponta que do total de pacientes 95% melhoraram a sua autoestima e 88% estão mais vaidosos. “Observamos principalmente a questão da auto-estima, vaidade e saúde, além da parte metabólica melhorando: a diabetes, o colesterol e a hipertensão”, disse a nutricionista. Entre os entrevistados, 95% afirmaram que fariam a cirurgia novamente, caso necessário.
Alessandra lembrou que além do controle de doenças existe a perda de peso. “É importante lembrar que os pacientes que tinham 140 quilos e conseguem chegar a 100 é um caso clínico de sucesso”, lembrou a endocrinologista.
De acordo com o autor do estudo, é alto o índice de pacientes que têm conhecimento sobre o tipo de operação realizada. “Cerca de 83% afirmam ter conhecimento do procedimento cirúrgico. Em 2007, este índice atingia 79%. Além disso, 46% dos obesos mórbidos têm predisposição em realizar o procedimento”, mencionou Berti.
Alimentação
Segundo os pacientes entrevistas, 89% mudou a sua alimentação para melhor. “Os alimentos predominantes nas refeições que eram açúcar refinado, farináceos e gordura, foram substituídos por frutas, legumes e vegetais”, informa Berti.
A nutricionista Bruna Cutait alerta que a alimentação é determinante na perda de peso. “A alimentação é capaz de repor os nutrientes necessários para os pacientes, mas alguns sintomas apontam a necessidade de suplementação. Por isso é importante a frequência no consultório”, disse.
Já a endocrinologista Alessandra afirmou que existem pacientes que sentem fome mais rápido. “Algumas pessoas têm um esvaziamento gástrico acelerado mesmo. É necessário analisar e considerar a técnica cirúrgica e, o segundo ponto, é analisar individualmente se tem hipoglicemia, a forma de alimentação e o fator emocional”
Estilo de vida
De acordo com o cirurgião, a alimentação e a prática de exercícios dos pacientes apresentaram melhoras. “Ao contrário do que se pensa, o estudo apontou que após o procedimento houve uma redução no consumo de bebida de 60% para 58%, sendo que destes pacientes a grande maioria reduziu a quantidade consumida”, demonstrou Berti. “Além disso a pesquisa mostra que a prática de exercícios físicos aumentou, mesmo cinco anos após a operação”, destacou.
“A pessoa vai se sentindo mais leve, melhorando a auto-estima e tendo mais vontade de sair de casa. Depois de um tempo ele vai sim aumentar a atividade física para manter esse corpo”, disse Alessandra.
A endocrinologista lembrou que a perda de peso depende de cada paciente. “Cada pessoa é diferente de outra, então o resultado da cirurgia tem muita variação. As pacientes mais novas têm mais chances de perder peso do que as mulheres mais velhas, por exemplo também tem a influência do índice glicêmico e da menopausa. O que posso dizer é que com certeza terá melhora”
A Pesquisa
A pesquisa foi realizada entre os meses de março e maio de 2017, com 201 pacientes operados há mais de cinco anos e em diferentes regiões do Brasil.
O BARILIVE acontece todas às terças-feiras, às 20 horas pelo Facebook. A iniciativa da Sociedade tem como objetivo levar informações para os pacientes.
Fonte: SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica)