A cirurgia bariátrica é atualmente o único tratamento efetivo de longo prazo para doenças relacionadas à obesidade mórbida e à obesidade, como diabetes, doenças cardíacas, hipertensão, apnéia obstrutiva do sono e dislipidemia. Além disso, a cirurgia bariátrica demonstrou reduzir significativamente a incidência de diabetes e câncer e prolongar a vida quando comparada a terapias não cirúrgicas. Entretanto, como a obesidade é uma doença crônica, a recidiva do peso e comorbidades podem ocorrer. A Cirurgia Revisional pode ser bastante complexa e tecnicamente desafiadora e pode oferecer ao paciente uma ampla variedade de soluções para tratamento de reincidência de peso e complicações após cirurgias primárias. Dada a escassez de dados publicados de alta qualidade, temos nos esforçado para fornecer indicações para revisões após a cirurgia bariátrica.
Sendo assim os principais fatores para a Cirurgia Revisional são:
- Os procedimentos bariátricos de revisão estão se tornando cada vez mais comuns. Inevitavelmente, 5 a 8% dos procedimentos bariátricos primários falharão, exigindo uma operação de revisão.
- As principais razões para a cirurgia bariátrica revisional são perda de peso primária inadequada, reincidência do peso ou complicações específicas relacionadas ao procedimento bariátrico.
- A estratégia de cirurgia revisional mais bem-sucedida depende da primeira cirurgia bariátrica e envolve uma abordagem de equipe multidisciplinar ao paciente.
- A opção revisional padrão-ouro é geralmente converter uma operação restritiva (Gastrectomia Vertical, Sleeve ou Banda Gástrica) em um bypass gástrico em Y-de-Roux para obter o melhor equilíbrio entre perda de peso a longo prazo, resolução de complicações relacionadas ao procedimento primário e taxa aceitável de complicações perioperatórias.
Há um consenso de que quando se encontram falhas técnicas evidentes, como reservatório gástrico (novo estômago) demasiadamente dilatado ou fístula gastro-gástrica (comunicação do novo estômago com o estômago excluso) a intervenção cirúrgica pode ter efeito esperado com resultados satisfatórios. Por outro lado, tentativas de extensão de alças alimentares para diminuir a absorção de nutrientes podem levar a efeitos nutricionais graves aos pacientes..
No caso da recidiva da obesidade, após a gastrectomia vertical, tem sido proposta sua conversão para o bypass gástrico, cujos resultados não são tão positivos quanto a realização primária do bypass, segundo muitos autores porém com resultados satisfatórios dependendo da expectativa do paciente.
Pacientes com Banda gástrica podem ser submetidos a Cirurgia Revisional e uma avaliação individual de cada paciente dirá qual a melhor opção para cada paciente: Gastrectomia Vertical ous Bypass Gástrico.
Do outro lado, a endoscopia tem tentado encontrar seu caminho nesse tema complexo que é a recidiva da obesidade. Entendemos que o tratamento endoscópico atualmente tem um papel importante para essa população de pacientes, mas há um viés que deve ser levado em consideração.
Os bons resultados encontrados no tratamento endoscópico estão invariavelmente associados aos pacientes que fazem o acompanhamento psicológico e nutricional frequente, ingresso e continuidade de atividade física, levando a mudanças drásticas em seus estilos de vida. Alguns poderiam afirmar então que o tratamento endoscópico não funciona, algo de que discordo. No bypass gástrico, consegue-se criar fisicamente uma barreira de contenção na anastomose gastrojejunal (conexão do novo estômago com a alça intestinal) por meio da aplicação do plasma de argônio ou sutura endoscópica, levando a uma perda ponderal aguda inicial, resgatando o paciente e criando um elo de ligação com seu tratamento. É nítido que indivíduos com compulsão alimentar e maus hábitos de vida tendem a ter resposta ruim, demonstrando que a recidiva da obesidade é multifatorial e seu controle representa muito mais do que apenas cortar e costurar o paciente.
As intervenções endoscópicas têm um importante papel de funcionar como um catalisador do processo, acelerando a perda de peso para aqueles pacientes que se dispõem a voltar a fazer o seguimento e tratamento da obesidade. É sempre bom relembrar que estamos falando de 15 a 20% da população de pacientes operados e um grande número deles se beneficia com a cirurgia.
Como conclusão todos os procedimentos cirúrgicos bariátricos, especialmente os restritivos (manipulação apenas do estômago), estão em risco de fracasso, seja por resultados ruins de perda de peso ou complicações específicas do procedimento. Um cirurgião bariátrico experiente dentro de uma equipe multidisciplinar deve tomar a decisão final de converter a cirurgia inicial ou não. O padrão-ouro é converter uma operação restritiva (Gastrectomia Vertical ou Banda Gástrica) a um Bypass Gástrica, a fim de obter o melhor equilíbrio entre perda de peso a longo prazo, resolução de complicações relacionadas ao procedimento primário e taxa aceitável de complicações perioperatórias.